quinta-feira, 13 de novembro de 2008

This Is The One - review

O Homem de Azul é um ser compulsivo, principalmente em relação à música. De vez em quando aparece uma que o toma da cabeça aos pés como num transe e é executada à exaustão (para desespero dos vizinhos). Ultimamente, uma música em particular voltou a me causar tal reação – This Is The One – dos Stone Roses.

A música abre com um riff que já é uma verdadeira carta de intenções, garantia de que algo fantástico virá pela frente, prosseguindo com o fraseado melódico e classe característicos da assinatura de John Squire (este atrás apenas de Johnny Marr) acompanhada pelo delicioso baixo discreto e climático que serve de ponte ao início da letra.

Particularmente adoro a ambigüidade do primeiro verso, Ian Brown, com sua voz monocórdica e distante, displicentemente entoa “A girl consummed by fire”, quando na verdade parece dizer “A girl conceal her fire” para logo adiante seguir com “immerse me in your splendour” que mais uma vez soa como “he must be in your splendour”. Genial!

O título e a frase “A girl consummed by fire” se referem a imagens bíblicas, algo recorrente no canon dos Roses. Não seria estranho acreditar que Ian Brown se considerasse, de alguma forma, o messias. A música seguinte no mesmo disco "The Stone Roses" é, não por acaso, “I Am the Resurrection”. Aliás, sua fleuma e presunção sem limites e algo estudadas certamente serviram de inspiração para mais de uma banda inglesa, senão que nos diga Liam Gallagher.

A letra segue com o conto sobre “a garota em chamas” e a suposta desilusão do autor que gostaria de deixar o país por um mês de Domingos (que bela imagem, hein?!), sem não antes queimar Manchester (oh, my God!!), comparando-a na sequência respectivamente a uma heroína da mitologia Grega (bellona = deusa da guerra) e uma planta venenosa (belladonna). Ian mais uma vez trabalha como ninguém a ambivalência dos seus sentimentos em relação às mulheres, que vão do amor romântico à misogenia franca (humm, porque será?).

A melodia segue numa espiral de energia crescente, até o final sob a repetição do título, hipnótica, inebriante, catársica, arrepiante!

Antes do fecho, ainda sobra tempo para nosso herói considerar, ou rezar para que a relação com o objeto de desejo da sua amada não dê certo. Ah Ian, don’t you know...la donna è mobile qual piuma al vento. Bem-vindo ao clube.

A girl consumed by fire
We all know her desire
From the plans that she has made
I have her on a promise
Immerse me in your splendour
All the plans that I have made

This is the one
This is the one
This is the one
This is the one
This is the one
She’s waited for

This is the one
This is the one
This is the one
Oh this is the one
This is the one
She’s waited for

I’d like to leave the country
For a month of Sundays
Burn the town where I was born

If only she’d believe me
Bellona, belladonna
Burn me out or bring me home

And this is the one
This is the one
This is the one
This is the one
This is the one
She’s waited for

This is the one
This is the one
This is the one
Oh, this is the one
This is the one
I’ve waited for

Oh this is the one
Oh this is the one
This is the one
I’ve waited for

This is the one
Oh this is the one
Oh this is the one
This is the one
I’ve waited for

This is the one
This is the one
This is the one
Oh this is the one
This is the one
I’ve waited for

It may go right
But it might go wrong
This is the one
This is the one
She’s waited for

And this is the one
This is the one
This is the one
This is the one
She’s waited for

And this is the one
Oh this is the one
Ah this is the one
This is the one
I’ve waited for

Se alguém ainda duvida do poder da música pop basta escutá-la, isso sim, bem alto. This is the one!

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