quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Um sonho bom


Entrara sorrateira, inesperada, como uma brisa leve naquela tarde chuvosa de Natal e permanecera ali, ao seu lado.

Os olhos vivos e despertos perscrutando o seu rosto, interrogando-lhe a mente, esquadrinhando todo seu ser com o frescor e graça da sua meninice.

Ele, já nada esperava, nada desejava, observava a novidade que chegava à praia na ressaca daqueles olhos Machadianos e se limitava a sorrir aquele seu sorriso torto, encastelado e adormecido que estava nas suas lembranças, fechado, resoluto, absorto.

E, de repente naquela manhã, como que vindo de um sonho bom, despertou, ergueu-se, esfregou os olhos, espreguiçou-se, olhou pro lado e ela continuava ali. Contemplou toda a extensão do seu corpo nu, escorregou pelo seu ventre, impulsionou-se nas curvas da sua cintura e saltou da cama.

Sentia-se bem, uma risada escapou-lhe da boca, o café sem açúcar pareceu-lhe mesmo doce. Vestiu sua roupa de super-homem e saiu voando pela janela do sexto andar em direção ao Arpoador, quase sendo atropelado por um distraído bem-te-vi que não honrava o apelido.

No peito aquela sensação morna, do sol gostoso que surgia esquentando-lhe as costas. Era verdade o que dizia Nelson no seu walkman, quando afirmava que o sol havia de brilhar mais uma vez. E com ele brilhava de excitação aquele ano, novo e onde tudo era possível, e a cidade vista de cima, naquele dia que estava bonito pra xuxú.

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