“Carnaval, desengano
Deixei a dor em casa me esperando
E brinquei e gritei e fui vestido de rei
Quarta-feira sempre desce o pano”
Ah, o carnaval! Quanto tempo esperei por ti! Quantos planos, quantas expectativas, quanta ilusão!
Um dos sintomas mais claros de que o camarada está há muito tempo longe do próprio país, é que começa a valorizar coisas que antes nunca havia valorizado e se portar como o Brasileiro mais ufanista do planeta, do tipo que, se deixar, toma caipirinha com feijoada todo o dia, põe fotos da praia da infância na parede e coloca a bandeira nacional a tremular na varanda da casa. Comigo...não foi diferente.
Quatro longos anos sem carnaval, quatro longos anos sem escutar o rufar dos tambores, sem apreciar o molejo da mulata e sem brincar o carnaval. Perae, você nunca foi disso? Cadê o roqueiro blasé que estava aqui? O exílio comeu.
A vida no exílio é mesmo estranha, parece que se está em suspensão dentro de uma bolha de plástico, em um universo paralelo, as noções de tempo e espaço se tornam relativas, enquanto a vida parece correr solta lá fora. Tem gente que acha que estar na Europa por estar é um grande barato, não é o meu caso.
Gradativamente percebi que minha personalidade se alterava, comecei a escutar discos de música brasileira e comentá-los entusiasticamente, a cozinhar pratos da terra natal até então ignorados e a defender o Brasil com unhas e dentes em qualquer oportunidade que se apresentasse, até tentei montar sem sucesso um grupo de samba, há! Tudo isso, é claro, em prol da manutenção da própria identidade.
Sendo assim, estava disposto a sentir o gostinho do carnaval carioca e descobrir o que era melhor, se o imaginário cultivado ao longo dos últimos anos ou o real. Só esperava que não fosse como no reveillón, quando bastaram 5 minutos na praia de Copacabana espremido que nem uma sardinha em lata, entre gente mal-educada e com um conceito de diversão bizarro, para que toda saudade que eu pudesse daquilo ter se evaporasse.
Mas, com todos os amigos casados e com filhos, desemparceirado e sem direito nem a cafuné de vó, é...a perspectiva de vagar como um outsider pela cidade em polvorosa na última hora não me parecia lá muito alentadora.
Aleluia! Eis que na prorrogação os ventos vindos do Recife me trazem uma grata surpresa e me surge Serginho pela frente. Para quem não sabe, Sérgio é irmão de Miguel, que morou comigo em Barcelona, ou seja, estava tudo resolvido e em família.
Rumei animadamente para encontrá-lo em Santa Teresa, esse verdadeiro woodstock carioca, despido de preconceitos e disposto a farrear como se deve. E farreei.
Nem remotamente pensei que pudesse me divertir tanto no carnaval; a cidade se fez pequena enquanto corria de um lado pro outro com disposição de menino. Encontrando velhos e novos amigos numa espiral vertiginosa de informações e sensações. É, certo está mesmo o filósofo Cezar Moreira, o carnaval é a perda dos medos. No meu caso pode-se traduzir como: sair da inércia.
Confesso que realmente me surpreendi, mesmo nos blocos mais cheios a atmosfera era de confraternização, a disposição era de se divertir e o resultado foi de encher os olhos. Foi bonito pacas!
Agora, a chave de ouro foi mesmo desfilar na Sapucaí pelo Jacarezinho na ala dos marinheiros, que coisa linda foi o desfile e como funcionou bem o samba, o público vibrava e me levava junto.
Na avenida, uma imensa alegria me invadiu, essa certeza de que o melhor lugar do mundo realmente é aqui, que cidade generosa continua a ser o meu Rio de Janeiro.
Assim que: abram alas, batam palmas, alegria, o bom filho à casa tornou!
“Tira o dedo do pudim
Que grande sociedade
A nostalgia só me traz felicidade”
Deixei a dor em casa me esperando
E brinquei e gritei e fui vestido de rei
Quarta-feira sempre desce o pano”
Ah, o carnaval! Quanto tempo esperei por ti! Quantos planos, quantas expectativas, quanta ilusão!
Um dos sintomas mais claros de que o camarada está há muito tempo longe do próprio país, é que começa a valorizar coisas que antes nunca havia valorizado e se portar como o Brasileiro mais ufanista do planeta, do tipo que, se deixar, toma caipirinha com feijoada todo o dia, põe fotos da praia da infância na parede e coloca a bandeira nacional a tremular na varanda da casa. Comigo...não foi diferente.
Quatro longos anos sem carnaval, quatro longos anos sem escutar o rufar dos tambores, sem apreciar o molejo da mulata e sem brincar o carnaval. Perae, você nunca foi disso? Cadê o roqueiro blasé que estava aqui? O exílio comeu.
A vida no exílio é mesmo estranha, parece que se está em suspensão dentro de uma bolha de plástico, em um universo paralelo, as noções de tempo e espaço se tornam relativas, enquanto a vida parece correr solta lá fora. Tem gente que acha que estar na Europa por estar é um grande barato, não é o meu caso.
Gradativamente percebi que minha personalidade se alterava, comecei a escutar discos de música brasileira e comentá-los entusiasticamente, a cozinhar pratos da terra natal até então ignorados e a defender o Brasil com unhas e dentes em qualquer oportunidade que se apresentasse, até tentei montar sem sucesso um grupo de samba, há! Tudo isso, é claro, em prol da manutenção da própria identidade.
Sendo assim, estava disposto a sentir o gostinho do carnaval carioca e descobrir o que era melhor, se o imaginário cultivado ao longo dos últimos anos ou o real. Só esperava que não fosse como no reveillón, quando bastaram 5 minutos na praia de Copacabana espremido que nem uma sardinha em lata, entre gente mal-educada e com um conceito de diversão bizarro, para que toda saudade que eu pudesse daquilo ter se evaporasse.
Mas, com todos os amigos casados e com filhos, desemparceirado e sem direito nem a cafuné de vó, é...a perspectiva de vagar como um outsider pela cidade em polvorosa na última hora não me parecia lá muito alentadora.
Aleluia! Eis que na prorrogação os ventos vindos do Recife me trazem uma grata surpresa e me surge Serginho pela frente. Para quem não sabe, Sérgio é irmão de Miguel, que morou comigo em Barcelona, ou seja, estava tudo resolvido e em família.
Rumei animadamente para encontrá-lo em Santa Teresa, esse verdadeiro woodstock carioca, despido de preconceitos e disposto a farrear como se deve. E farreei.
Nem remotamente pensei que pudesse me divertir tanto no carnaval; a cidade se fez pequena enquanto corria de um lado pro outro com disposição de menino. Encontrando velhos e novos amigos numa espiral vertiginosa de informações e sensações. É, certo está mesmo o filósofo Cezar Moreira, o carnaval é a perda dos medos. No meu caso pode-se traduzir como: sair da inércia.
Confesso que realmente me surpreendi, mesmo nos blocos mais cheios a atmosfera era de confraternização, a disposição era de se divertir e o resultado foi de encher os olhos. Foi bonito pacas!
Agora, a chave de ouro foi mesmo desfilar na Sapucaí pelo Jacarezinho na ala dos marinheiros, que coisa linda foi o desfile e como funcionou bem o samba, o público vibrava e me levava junto.
Na avenida, uma imensa alegria me invadiu, essa certeza de que o melhor lugar do mundo realmente é aqui, que cidade generosa continua a ser o meu Rio de Janeiro.
Assim que: abram alas, batam palmas, alegria, o bom filho à casa tornou!
“Tira o dedo do pudim
Que grande sociedade
A nostalgia só me traz felicidade”
4 comentários:
Rapaz, você nunca mais vai poder dizer que não gosta de carnaval. E isso para o bem ou para mal.
Abraços
Não se preocupe Nicolau, faço o mea culpa e prometo que nada direi. rrss.
Abraços.
ah é, quer dizer que você estava desemparceirado até a chegada daquele frevo-axé? tsc, tsc. não te levo mais pra filar feijoada em casa de anfitriões tão simpáticos...
:P
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btw, notícias pós-carnavalescas:
o jacarezinho ficamos em terceiro lugar!
maneiro, o desfile foi animado mesmo, empolgou a arquibancada àquela altura da madrugada (e na terça de carnaval...).
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e não btw, bonito seu novo banner, ó azulado.
cheers mate!
Oh Dimi, o que eu queria dizer é que antes do Carnaval a perspectiva não era muito promissora, mas evidentemente que a sua participação carnavalesca foi especialmente agradável. No tienes abuela?
Bela feijoada em bela companhia, que dúvida.
What does btw stand by?
Ah rapá, e tira o dedo do pudim!
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