A riqueza de eventos que podem suceder dentro dos nossos coletivos não cansa de me surpreender e, às vezes, compensa qualquer agrura pela qual nós, usuários, tenhamos que passar.
E não é que ontem, sacolejando na volta do trabalho, com o corpo alquebrado e a alma decaída, um evento em especial não pôde deixar de me fazer rir.
A situação que se deu era a seguinte, quase chegando em casa, o ônibus pára fora do ponto para recolher uma passageira, que, efetivamente sobe, já aos gritos, e dirige-se ao pobre do motorista com expressões pouco nobres e alvissareiras.
O motorista contesta com igual cortesia, a troca de elogios prolonga-se e a menina, do alto dos seus 20 aninhos, diz:
- Tem que parar, tu tem que parar quando eu fizer sinal, tu também parô pro outro fora do ponto que eu vi!
- xyz@grrrnhemnhem##$@%**
- E vai te ferrar você, seu mané!
- ¨”!@#$%**+ngenhanerenh*&¨
O trocador, parecendo o William Bonner, aparta daqui, aparta de lá, dá um minuto de réplica para um, 30 segundos de tréplica para a outra e eu saindo do meu estado cataléptico pensando – Pombas! Está reclamando do que se o ônibus parou para te apanhar, e ainda por cima fora do ponto? Afinal, será que eu perdi alguma coisa ou essa discussão é completamente sem sentido?
Além de não estar entendendo patavinas já imaginava a via crucis que me acompanharia até o conforto do lar, quando o cidadão do meu lado, um tipo quarentão jovial e com uma cara jocosa, interrompe a discussão e exclama:
- Calma meu amor, calma meu anjo!
A menina que, por um segundo, não sabe se ajeita o cabelo ou se segue na discussão, opta afinal pela última opção e prossegue na batalha.
- Calma meu amor, calma meu anjo!
- Não fica assim não, você é tão bonita, você é linda!
A interlocutora dá sinais de leve ansiedade, hesita, mas segue inabalável na sua cruzada contra os mouros, digo, contra o motorista.
- Calma meu amor, calma meu anjo!
- Esquece isso minha linda, isso não vale a pena! – Diz meu companheiro de assento, com um leve sorriso nos lábios e virando-se para mim com um olhar gaiato como quem diz: - Mandei bem, né?
A discussão parece ir diminuindo, a menina passa a roleta e se senta na nossa diagonal direita. Entretanto, creio que deveria ser ariana ou escorpiana, porque definitivamente era mais obstinada do que eu e segue tentando atingir o motorista de todos os modos, agora, tricotando com o trocador sobre – Aquele cretino blah blah blah, como se o condutor ali já não estivesse.
E foi então que, o já famoso bordão, dessa vez foi repetido em uníssono, por todo o ônibus, que feliz e contente bradou: - Calma meu amor, calma meu anjo! - E não satisfeitos: - Você é linda!
Bom, cortando em miúdos, a menina ruborizada finalmente calou-se e o show parecia ter terminado, quando meu companheiro de assento se levanta abruptamente para saltar, se aproxima dela, continua tecendo elogios à sua formosura de forma melosa e não satisfeito saca um filhote de poodle não se sabe de onde e o entrega para a megera domada que o olha incrédula, ato seguido salta do ônibus e fica mandando beijinhos do lado de fora.
E não é que ontem, sacolejando na volta do trabalho, com o corpo alquebrado e a alma decaída, um evento em especial não pôde deixar de me fazer rir.
A situação que se deu era a seguinte, quase chegando em casa, o ônibus pára fora do ponto para recolher uma passageira, que, efetivamente sobe, já aos gritos, e dirige-se ao pobre do motorista com expressões pouco nobres e alvissareiras.
O motorista contesta com igual cortesia, a troca de elogios prolonga-se e a menina, do alto dos seus 20 aninhos, diz:
- Tem que parar, tu tem que parar quando eu fizer sinal, tu também parô pro outro fora do ponto que eu vi!
- xyz@grrrnhemnhem##$@%**
- E vai te ferrar você, seu mané!
- ¨”!@#$%**+ngenhanerenh*&¨
O trocador, parecendo o William Bonner, aparta daqui, aparta de lá, dá um minuto de réplica para um, 30 segundos de tréplica para a outra e eu saindo do meu estado cataléptico pensando – Pombas! Está reclamando do que se o ônibus parou para te apanhar, e ainda por cima fora do ponto? Afinal, será que eu perdi alguma coisa ou essa discussão é completamente sem sentido?
Além de não estar entendendo patavinas já imaginava a via crucis que me acompanharia até o conforto do lar, quando o cidadão do meu lado, um tipo quarentão jovial e com uma cara jocosa, interrompe a discussão e exclama:
- Calma meu amor, calma meu anjo!
A menina que, por um segundo, não sabe se ajeita o cabelo ou se segue na discussão, opta afinal pela última opção e prossegue na batalha.
- Calma meu amor, calma meu anjo!
- Não fica assim não, você é tão bonita, você é linda!
A interlocutora dá sinais de leve ansiedade, hesita, mas segue inabalável na sua cruzada contra os mouros, digo, contra o motorista.
- Calma meu amor, calma meu anjo!
- Esquece isso minha linda, isso não vale a pena! – Diz meu companheiro de assento, com um leve sorriso nos lábios e virando-se para mim com um olhar gaiato como quem diz: - Mandei bem, né?
A discussão parece ir diminuindo, a menina passa a roleta e se senta na nossa diagonal direita. Entretanto, creio que deveria ser ariana ou escorpiana, porque definitivamente era mais obstinada do que eu e segue tentando atingir o motorista de todos os modos, agora, tricotando com o trocador sobre – Aquele cretino blah blah blah, como se o condutor ali já não estivesse.
E foi então que, o já famoso bordão, dessa vez foi repetido em uníssono, por todo o ônibus, que feliz e contente bradou: - Calma meu amor, calma meu anjo! - E não satisfeitos: - Você é linda!
Bom, cortando em miúdos, a menina ruborizada finalmente calou-se e o show parecia ter terminado, quando meu companheiro de assento se levanta abruptamente para saltar, se aproxima dela, continua tecendo elogios à sua formosura de forma melosa e não satisfeito saca um filhote de poodle não se sabe de onde e o entrega para a megera domada que o olha incrédula, ato seguido salta do ônibus e fica mandando beijinhos do lado de fora.
Mais estupefacto fiquei eu, naturalmente, com o descortinar de uma cena tão Feliniana diante dos meus olhos. O fato é que a morena saltou comigo e ficou a brincar com o cachorrinho, alheia aos disparates recém cometidos e visivelmente feliz.
Que o cara é gênio e tem experiência no trato feminino não se discute, agora, uma coisa segue me intrigando e não é o motivo da discussão...de onde diabos ele tirou aquele cãozinho??
4 comentários:
fantástico!
tem coisas que só acontecem no Brasil.
Beijo.
ué, do bolso! ou você não guarda um cachorrinho com você, just in case?
o cachorro no caso sou eu Bel. ;)
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