quinta-feira, 18 de junho de 2009

don't walk away




ontem pude finalmente assistir a um filme que andava martelando na minha cabeça há muito tempo, e que, sabe-se lá porque, quando estreou na europa não passou na espanha, me deixando frustrado.

mas ontem não teve jeito, ao passar tradicionalmente depois do almoço pela livraria da travessa na travessa do ouvidor, a original, para fuçar livros e dvd’s, lá estava ele e nem hesitei em comprá-lo. estou falando de control, primeiro longa de anton corbijn sobre a vida de ian curtis, vocalista da banda joy division.

o holandês anton corbijn se notabilizou como fotógrafo de rock e por trabalhar com gente como u2, depeche mode, nick cave, billy bragg, clannad, morrissey, elvis costello, rem, bowie, e, como não, joy division. quando eu era moleque, nos anos 80, só dava ele e comprei muitos discos induzido pela beleza e melancolia das suas fotos, normalmente em preto e branco.

control era tudo o que eu poderia esperar de um filme de rock de uma das minhas bandas preferidas, mesmo não sendo um filme de rock, control é muito mais. Baseado no livro da viúva de ian - deborah curtis - touching from a distance, o filme centra sua atenção sobre a figura torturada de ian e de como um sensível e depressivo jovem de classe trabalhadora inglesa, através da ebulição musical que fervilhava na manchester do pós-punk (especialmente após a apresentação de um certo sex pistols no lesser free trade hall), em meio a crises de epilepsia, um casamento precoce e da desolação pós-industrial que o cercava, cria um marco divisório musical e se converte em mito, ao cometer suicídio aos 23 anos. paralelamente, traça um belo panorama da inglaterra no final dos anos 70 e da alienação e falta de opções comuns aos jovens da época.

o filme, rodado, claro, todo em preto e branco, se beneficia do background de seu diretor e tem uma fotografia que é realmente impressionante. anton, absolutamente familiarizado com a cena rock, impõe com a elegância que lhe é peculiar sua estética romântica e melancólica de forma admirável para emoldurar uma história soturna, de amor, sonhos, abandono, encontros e desencontros e boa música e que agradará mesmo aqueles não familiarizados com o universo da banda.

rodado quase inteiramente em nottingham (manchester já quase não conserva mais suas características industriais), os cenários são de uma beleza urbana perturbadora, quase tão perturbadora quanto a atuação e a entrega do novato sam riley que convence na pele de um ian cheio de nuances, dando o tom certo. por um lado distante, confuso e atormentado, por outro, apenas um jovem talentoso que também tinha senso de humor e podia ser amigável mas que, ao final, deixou a sua marca de forma trágica e absoluta. sem dúvidas uma bela e oportuna homenagem.

official site: http://momentum.control.substance001.com/


 

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