terça-feira, 4 de maio de 2010

Quem casa quer ... cozinhar

Meninos, eu confesso, estou adorando esse negócio de casamento. Diria até que estou tal e qual uma noiva ansiosa e casadoira, escolhendo os presentes que iremos colocar na nossa lista de casamento, enquanto sou objeto de ironia e escárnio por parte da minha mulher (se alguém vai dar alguma coisa ou não é outro papo, na dúvida eu...coloco).

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Tudo porque outro dia, e já não era sem falta, fui na simpática Spicy, uma loja só de produtos de cozinha.

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Ah rapazes, que maravilha! Um jogo de facas profissionais do Jamie Oliver? É pra já; Uma panela Tajine de cerâmica desenvolvida pela NASA? Deixa comigo; Um Chinois de aço inoxidável de fazer inveja a Escoffier? Tá na mão.

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Lá tem todos os gadgets que nós, tarados da cozinha, podemos querer. E também tem uns negócios que eu não sei bem para o que servem, mas, tenho certeza, vão ficar uma beleza lá em casa. Depois é só fazer um curso à distância de química industrial e pronto, já posso me vender como o Adrià Brasileiro.

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Olha, é uma loucura, eu com eles na cozinha vou me divertir mais do que quando brincava de playmobil.
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Esse negócio de ser chef profissional soa bonito à beça na televisão, mas, acreditem, eu já estive lá por um breve instante e sei que a pressão é sobre-humana. No fundo, no fundo, não tem glamour quase nenhum, especialmente se você começa nas divisões de base. Esse ambiente, no entanto, funciona como um filtro natural para eventuais desavisados e irá forjar os mais fortes para que, ao fim de uma vida de pés inchados, cortes nas mãos, dores na lombar e muitos impropérios ouvidos, possam desfrutar dos louros da glória em seu próprio restaurante com estrelas Michelin ou conseguir uma boquinha em um programa de TV a cabo.

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Caso essa segunda opção se materialize, este deve continuar atuando como nos bons e velhos tempos de trabalho pesado, se começar com muita mariconada, achando que está abafando, podem ter certeza, não dura duas temporadas. O chef deve ser real, ao contrário de certos exemplos que podem ser vistos na TV a cabo, envergando camisas Armani por baixo de aventais impecavelmente limpos e dando a impressão de que estão atrasados para um encontro com o seu agente. A culinária é um meio nobre mas duro, o público não vai enguli-lo e os seus pares não irão perdoá-lo.

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A lição eu aprendi faz tempo, não quero ser chef coisa nenhuma, quero ser é cozinheiro (que no fim de tudo é o que todos são), trabalhar em casa, quando eu tiver saco, alimentando aos outros e sendo pago com generosas doses de conversa amiga, momentos especiais e bons tragos.

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Que não me falte a humildade para aprender sempre, a curiosidade para testar novas receitas de vez em quando e a generosidade dos amigos para....darem um pulinho na Spicy e contribuir com esse casamento, afinal de contas eu tenho duas bocas para alimentar.

2 comentários:

Babado e Gritaria! disse...

acho que vai gostar de saber disso: http://www.neatorama.com/2010/05/05/anthropologist-cooking-made-humans-more-intelligent-sociable/

btw, QUERO SUA OMELETE ESTA NOITE, HUN!
:)))))

bloke in blue disse...

olha se essa tese tem fundamento ou não eu não sei, já a minha cara de pau é inegável. :)

let it be omelet then.

 

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