Hoje de manhã lendo a crônica O Rei da Noite, do João Ubaldo Ribeiro, foi impossível não me lembrar da noite do reveillón.
Ganhei o livro, diga-se de passagem, em um festivo amigo oculto de fim de ano, poucos dias antes, sob piadinhas de que o título seria uma alegoria à minha pessoa. Nada mais equivocado, se tem uma coisa que eu nunca fui é precisamente o rei da noite, até porque, apesar de bom bebedor não sou notívago e muito menos sociável.
Piadas à parte, o texto, delicioso, trata dos tempos em que o escritor era um boêmio inveterado e especificamente sobre o dia seguinte ao de uma festa daquelas, em que ele, entre a culpa e a surpresa, tenta se lembrar da noite, sendo prontamente corrigido pela mulher quanto ao relato cronológico dos fatos, numa sucessão de Ohs!
A identificação não veio só pelo fato do Ubaldo escrever inspirado nas próprias vivências, mas principalmente porque a noite de fim de ano, como qualquer festa pagã que se preze, foi uma noite de verdadeira e salutar carraspana entre amigos.
E que, neste pequeno círculo em particular, ali sim sou o rei da troça, um ser burlesco sempre pronto a cooperar quando se trata de fazer rir a plebe, com o relato das venturas e desventuras desse verdadeiro Dom Quixote contemporâneo que por vezes sou. Sejam elas reais ou não, o fato é que a fórmula é sempre bem-sucedida.
Não sei, mas ultimamente me preocupa a interferência da persona sobre o indivíduo, sobre quais manifestações seriam genuínas e quais seriam mero artifício cênico. E o mais grave, será que o hábito está de fato a formar o monge? Ou devo dizer deformar?
Peço desculpas por tais digressões Excelências, mas de alguma maneira me senti assim como a personagem da crônica, entre a culpa e a surpresa, sem grandes motivos para isso e, no entanto, não pude evitar. Talvez precise de novos ares, talvez interpretar uma nova peça, talvez apenas beber menos.
- Nunca mais eu saio, nunca mais boto os pés fora de casa, nunca mais entro num bar, nunca mais!
- Sim, querido. Mas não sei por quê. Todo mundo acha você o rei da noite, querido.
E era primeiro de janeiro, não primeiro de abril.
Ganhei o livro, diga-se de passagem, em um festivo amigo oculto de fim de ano, poucos dias antes, sob piadinhas de que o título seria uma alegoria à minha pessoa. Nada mais equivocado, se tem uma coisa que eu nunca fui é precisamente o rei da noite, até porque, apesar de bom bebedor não sou notívago e muito menos sociável.
Piadas à parte, o texto, delicioso, trata dos tempos em que o escritor era um boêmio inveterado e especificamente sobre o dia seguinte ao de uma festa daquelas, em que ele, entre a culpa e a surpresa, tenta se lembrar da noite, sendo prontamente corrigido pela mulher quanto ao relato cronológico dos fatos, numa sucessão de Ohs!
A identificação não veio só pelo fato do Ubaldo escrever inspirado nas próprias vivências, mas principalmente porque a noite de fim de ano, como qualquer festa pagã que se preze, foi uma noite de verdadeira e salutar carraspana entre amigos.
E que, neste pequeno círculo em particular, ali sim sou o rei da troça, um ser burlesco sempre pronto a cooperar quando se trata de fazer rir a plebe, com o relato das venturas e desventuras desse verdadeiro Dom Quixote contemporâneo que por vezes sou. Sejam elas reais ou não, o fato é que a fórmula é sempre bem-sucedida.
Não sei, mas ultimamente me preocupa a interferência da persona sobre o indivíduo, sobre quais manifestações seriam genuínas e quais seriam mero artifício cênico. E o mais grave, será que o hábito está de fato a formar o monge? Ou devo dizer deformar?
Peço desculpas por tais digressões Excelências, mas de alguma maneira me senti assim como a personagem da crônica, entre a culpa e a surpresa, sem grandes motivos para isso e, no entanto, não pude evitar. Talvez precise de novos ares, talvez interpretar uma nova peça, talvez apenas beber menos.
- Nunca mais eu saio, nunca mais boto os pés fora de casa, nunca mais entro num bar, nunca mais!
- Sim, querido. Mas não sei por quê. Todo mundo acha você o rei da noite, querido.
E era primeiro de janeiro, não primeiro de abril.
4 comentários:
rodrigo,
promessas de dia primeiro de janeiro são tão ou mais falsas que as verdades do primeiro de abril, hehe.
bjs
Ai!
amei a foto!
é boa né!? Vou mandar instalar uma dessas com a minha cara na pia de casa. Vai ter um efeito devastador em dias de ressaca.
Melhor só a sua.
Beijo. ;)
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