quinta-feira, 9 de julho de 2009

Roteiro de viagem com Miguel Bahia (moravia)

Quando eu falei que era filho único eu menti, na verdade, eu nasci filho único, mas com o tempo tive a sorte de ganhar o melhor irmão do mundo, meu irmão Miguel, um cabra nota 10 e que por circunstâncias do coração encontra-se nesse momento em algum lugar entre Praga e Lisboa.

Como esse miserável me faz uma falta daquelas, resolvi postar o e-mail que recebi hoje sobre as suas últimas peripécias na Europa, acompanhado da bela Sonia. Será a sugestão de viagem do mês, pelo o que eu vi e ouvi, a Moravia é o lugar para “unas vacaciones diferentes y inmejorables”. Assim que, faça as suas malas e aproveite todo o sabor da Europa Oriental.

Eu por enquanto fico por aqui, mas, ano que vem ninguém me segura que os pombinhos aí da foto se casam em Praga com direito a castelo, carruagem, muita cerveja Tcheca (oba!) e já me disseram que eu sou o padrinho. Mal posso esperar para ver isso, lascou-se!

Muitas saudades desse cara, todo dia e sempre.

Até mais.
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Então, chegou a hora de contar um pouco do resto da minha viagem à Rep. Checa. Então vamos por pontos:

1) O Porco. O Porco era selvagem, daqueles gigantes. Tava no espeto como o diabo gosta e assado no fogo. Vou dizer uma coisa, foi o melhor porco que já comi. Que maravilha! Tudo regado por cerveja da mais altíssima qualidade.

Era o aniversario de uma mulher, uma das poucas no meio de tanto caçador, a maioria “veterans”. E eles têm um ritual lindo. Todas as pessoas presentes fazem uma fila para cumprimentar a aniversariante e lhe diz algo em homenagem. Depois dançam todos os homens com a aniversariante. É diferente e bonito.
Pois este foi o sábado, logo fomos para a Moravia, no cú do mundo.

2) Moravia. Já tinha estado lá na casa da tia de Sonia. Ela foi a que perdeu o marido quando estávamos no Brasil. Hoje mora com os dois filhos: um de 17 anos que faz tudo na casa (concerta carro, cuida do jardim, dos bichos, etc.) e outro de 24 anos, de sexo não definido ainda pela ciência, o cara mais estranho que já conheci. Parece o vocalista do Placebo de tão estranho.

Pois bem, ajudamos um pouco na casa (eu cortei a grama toda, Sonia fez o jardim) e fizemos umas coisas interessantes que eu nunca tinha feito. Por exemplo, fomos a um ginásio estilo comunista, onde tinha uma piscina. Imaginem uma piscina com aspecto antigo, meio clube náutico capibaribe de séculos atrás multiplicado por Rússia. Pois então, a piscina mais estranha, o vestiário mais maluco. Parecia ginásio de campo de concentração. Você paga uma taxa e só pode ficar por um prazo determinado, me parece que uma hora. Para colocar as roupas dentro do armário do vestiário, tem que chamar uma mulher que tem as chaves de todos os armários. Não pode entrar com sapatos (se tira na entrada do vestiário) e tudo, tudo mesmo, é feito com aquelas pastilhinhas pequenininhas que parecem mini azulejos.

Depois compramos os anéis de casamento, onde a vontade de Sonia prevaleceu e eu só disse sim. É estranho comprar anel de casamento. E é muito especial, porque só aí você vê que vai casar, mesmo. Não tivemos como comemorar muito neste dia, mas depois comemoramos quando nos “livramos” da família e fomos por ai de carro.

3) Chegamos a uma vila chamada Karlova Studanka, pequenininha no meio do nada, mas que tinha um movimento interessante. Lá ficamos porque tinham muitas coisas interessantes: uma montanha cortada por um rio com cachoeiras que desce toda a montanha por dentro de uma imensa reserva natural, spas com piscinas de hidromassagem, sauna, restaurantes típicos, enfim, essas coisas. Ficamos numa pensão chamada Klára, em homenagem à mamãe com gente simpática e um cachorro lindo.

No outro dia de manha acordamos e fomos subir a montanha no parque natural. Acho que foi o lugar mais bonito que já estive aqui na Europa e um dos mais bonitos que já vi. A reserva natural é lindíssima, uma cor de verde e águas que não tem como descrever. Subimos a montanha, uma diferente de 700 metros de subida e uns 8 kilômetros de andada na “vertical”. Coisa de indiana Jones mesmo. E tome foto, porque é impossível não ficar paralisado com aquilo. É como se de repente estivéssemos no nirvana, de onde nunca deveríamos ter saído para essa sociedade maluca.

Tiramos fotos de todo tipo de coisas, fora as outras que, por se moverem depressa, não captamos. E, mesmo cheio de abelhas e outros insetos por todos os lados, não tivemos medo. Só não gostamos de ser seguidos, já no final da caminhada, por um enxame de moscas que pensava que nós, por estarmos quentes, éramos comida. Mas só seguiam, sem nos tocar, como se estivessem somente interessadas no calor. Mas realmente, nunca vi tantas moscas. Mas valeu a pena. As fotos NUNCA dirão o que é aquilo.

Depois pegamos um ônibus para descer da montanha até o carro. Fomos os dois, mortos, para o spa. Olha, esqueçam essas hidromassagens normais: aquilo ali é um deleite!
Tinha cadeira com massagens dentro da piscina, massagens nos pés, nas pernas, fototerapia, jatos de água de tudo quanto é jeito, enfim, imaginem isso depois de 700 metros de subida dentro de uma floresta praticamente virgem! Passamos hora e meia relaxando antes de seguir viagem para outro local.

4) Bohemian Eden. É esse o Nome da região que fomos, depois de algumas horas de carro fotografando os campos mais bonitos que eu já vi. É plantação de lúpulo, milho, lavanda, etc… até de ópio! Uma coisa fantástica. E tome passarinho de tudo quanto é jeito. Até águia apareceu.

Chegamos no Éden e fomos para outra Maradona de caminhada por entre uns penhascos e outra floresta, dessa vez mais seca. Tiramos fotos que vocês virão depois. Vimos pica-pau nesse dia, é muito legal o som que faz no tronco das arvores, altíssimo!

Ficamos um dia lá, depois fomos ver um castelo feito no no século 13, quando ainda éramos índios. Olha, lá tinha uma explicação no calabouço sobre os métodos de prisão e tortura que fariam um sádico tremer. Puta merda, a humanidade é muito filha da puta. Coisas horripilantes e com materiais originais, inclusive uma cadeira cheia de espinhos, jaulas para humanos, guilhotina, coisinhas básicas. (...) Vimos também sala de armas, a cozinha (fantástica!), quadros da época, uma mini capela, charretes dessas de filme. Coisa para turista mesmo!

Depois fomos numa taverna medieval, onde comi a carne mais gostosa da minha vida. Serio, que carne gostosa do cacete. E o pato fantástico, tudo regado à cerveja e mais cerveja. A taverna é uma viagem, as fotos podem mostrar um pouco, mas estar lá é muito legal. Comi muito bem, comprei uma caneca de cerveja e um cd com musicas medievais a um anão que veio à mesa vestido a la Frodo. Digamos que é como estar em Hollywood, mas bastante mais original e especial pelo clima. E os atendentes um show a parte, falando checo antigo e imitando as maneiras daquela época. É um pouco bruto, digamos. Diz Sonia que é engraçadíssimo, mas eu não entendo bulhufas.

Depois disso tudo fomos devagar, parando para ver os campos, até cegar na casa de tio Miro. Dormimos da sexta pro sábado, quando fomos para um festival de música no meio do nada, mas que tinha umas 20 mil pessoas. Foi bom. No outro dia voltamos para casa e fomos os dois ver A Era do Gelo 3, que recomendo.

Bom, vejam as fotos abaixo. Até as próximas férias, que espero sejam brasileiras!!!
















8 comentários:

Babado e Gritaria! disse...

as pastilhinhas são MEGA ULTRA lesteuropeu, né? me remetem aos mosaicos do metrô de moscou; me lembram as primeiras cenas de "a insustentável leveza do ser", o filme, que por sinal tem o ENLACE MATRIMONIAL do day-lewiss e da binoche em praga (o único casamento não brega do cinema!).

Não, não tenho blog disse...

Mentira do Miguel. Na verdade, ele teve um sonho muito louco e lembrou de todos os detalhes pra te contar...
Beijinho

bloke in blue disse...

viva as pastilhinhas amore e você tem razão, a insustentável leveza do ser continua sendo um dos meus filmes preferidos.

ano que vem que nos aguardem, né?

não, não:

esse sonho muito louco ele está vivendo já há um ano e meio.

beijos.

Babado e Gritaria! disse...

é, amore! sonho mesmo vai ser a gente lá! ;)

Eliana Mara Chiossi disse...

Belas fotos... Meu netinho se chama Miguel... então, adoro este nome.
Gostei daqui...

Bom dia!

bloke in blue disse...

bom dia Eliana, que bom, seja bem-vinda.

Carolina disse...

uau, uma das coisas que eu quero na vida é ver um campo de alfazemas ao vivo, in loco.

Nicolau disse...

Por acaso eu conheço o interior da Rep Tcheca. Já fu a Klatovi uma minúscula e lindíssima cidade no meio da Bohemia.

Lugar dos mais lindos do mundo.

Sem contar que na Rep Tcheca tem uma cidade cujo nome já diz tudo: Plzen, ou Pilsen como chamam os alemães. Lugar de uma das melhores cervejas do mundo. Aliás, em Praga, nada melhor que tomar litros de Urquel.

Já disse que eu sei falar tcheco? Sério mesmo: "jedna pivo a gulash, prosím!" - uma cerveja e um goulash, faz favor. É o que basta para me fazer feliz.

Falando de Miguel. Gosto muito do nome. Por enquanto é o meu preferido. Mas essas coisas costumam mudar.

Grande abraço.

 

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