Ultimamente vocês notaram que eu, de vez em quando, venho mudando o tom deste blog e acabo adotando uma postura algo revoltada com a situação desta minha cidade querida, que vem sendo reiteradamente vilipendiada e tratada de forma abjeta por aqueles que deveriam bem representá-la.
A verdade é que já faz muito tempo que o Rio cantado em prosa e verso não existe mais, o barquinho de João Gilberto naufragou na lama que nos cobriu. Quando eu era pequeno era ainda uma lembrança próxima, podia-se sentir no ar o perfume de outros tempos. Hoje em dia, imaginar o glamour da Copacabana dos cinqüenta, a Ipanema romântica dos sessenta ou a elegância do Centro nos idos de trinta é tarefa que mais do que nostalgia só provoca tristeza ao se constatar o longo caminho ladeira abaixo imposto ao Rio de Janeiro e que parece estar longe de terminar.
Vou aqui tecendo esses superficiais comentários não porque cheguei outro dia da Europa e me desacostumei com a situação aqui em terras tupiniquins. O que me exaspera é reconhecer a nossa indolência, a nossa passividade diante dos fatos gravíssimos que estão ocorrendo nesta cidade sem uma reação efetiva da sua sociedade, senão vejamos:
Ontem suspeita de bomba no prédio da IBM em Botafogo, interditando a Av. Pasteur. Hoje, apenas hoje, duas bombas explodiram em plena luz do dia, uma na Borges de Medeiros na Lagoa e outra na Av. Atlântica durante uma perseguição policial a dois bandidos. Essa é a nossa realidade, agora bombas são o feijão com arroz dos nossos dias e eu que me considero um liberal me pego tendo pensamentos algo retrógrados e ansiando por uma intervenção federal, tal é o meu descrédito na corja imoral que faz essa política para inglês ver e nessa sociedade apática e desarticulada.
Poderia narrar aqui mais um ou dois fatos ocorridos hoje e que me enchem de vergonha mas não, me calo e vou para o bar beber o meu choppinho, que é isso o que sabemos fazer de melhor.
A verdade é que já faz muito tempo que o Rio cantado em prosa e verso não existe mais, o barquinho de João Gilberto naufragou na lama que nos cobriu. Quando eu era pequeno era ainda uma lembrança próxima, podia-se sentir no ar o perfume de outros tempos. Hoje em dia, imaginar o glamour da Copacabana dos cinqüenta, a Ipanema romântica dos sessenta ou a elegância do Centro nos idos de trinta é tarefa que mais do que nostalgia só provoca tristeza ao se constatar o longo caminho ladeira abaixo imposto ao Rio de Janeiro e que parece estar longe de terminar.
Vou aqui tecendo esses superficiais comentários não porque cheguei outro dia da Europa e me desacostumei com a situação aqui em terras tupiniquins. O que me exaspera é reconhecer a nossa indolência, a nossa passividade diante dos fatos gravíssimos que estão ocorrendo nesta cidade sem uma reação efetiva da sua sociedade, senão vejamos:
Ontem suspeita de bomba no prédio da IBM em Botafogo, interditando a Av. Pasteur. Hoje, apenas hoje, duas bombas explodiram em plena luz do dia, uma na Borges de Medeiros na Lagoa e outra na Av. Atlântica durante uma perseguição policial a dois bandidos. Essa é a nossa realidade, agora bombas são o feijão com arroz dos nossos dias e eu que me considero um liberal me pego tendo pensamentos algo retrógrados e ansiando por uma intervenção federal, tal é o meu descrédito na corja imoral que faz essa política para inglês ver e nessa sociedade apática e desarticulada.
Poderia narrar aqui mais um ou dois fatos ocorridos hoje e que me enchem de vergonha mas não, me calo e vou para o bar beber o meu choppinho, que é isso o que sabemos fazer de melhor.
6 comentários:
ônibus incendiado na nossa senhora de copacabana, tráfico fechando comércio em plena luz dos dia, dois dias de tiroteio... resta pouco, resta pouco.
não se surpreenderá se você não voltar do casamento do miguel.
rod, rod, não caia nessa. a situação é sinistra? com certeza. (sempre mais sinistra pra quem mora no morro do que pra quem mora embaixo, me parece. não que isso seja consolo. mas é bom lembrar, porque reside aí boa parte da lógica por trás da sinistrice da situação.)
mas veja: vale lembrar que o ônibus atacado e o fechamento do comércio, aos quais a ana k. se refere acima, eram supostas represálias à instauração de UPPs (unidades permanentes da polícia) no pavão e no cantagalo.
aqui na real grandeza moramos vizinhos ao santa marta, onde a primeira (creio) dessas foi instalada, e já funciona há vários meses.
e quando eu digo "funciona", não quero dizer apenas "opera": a área DE FATO ficou mais segura, e os moradores, em sua maioria parecem apoiar a iniciativa.
e não é pra menos: junto com a ocupação policial, foram instalados no local vários serviçoes para atender à comunidade, entre permanentes e temporários, entre cursos, acesso à internet e serviços públicos em geral.
e é NESSA segunda "ocupação", mais que a primeira, que acredito estar a semente de uma estabilidade mais duradoura na cidade partida.
a ocupação do espaço público pela população - por nós - e a ampliação do atendimento do Estado às comunidades ora dele privadas são saídas reais para um problema real.
não são fáceis. não são a curto prazo. mas o pânico pelo pânico só favorece aos vendedores de carro blindado.
4 de Dezembro de 2009 07:41
Caro Dimi, não se trata de pânico pelo pânico. Certamente o Dona Marta e região devem estar mais tranquilos atualmente. No entanto, continuo cético com relação a essas ações no longo prazo, já que, salvo melhor juízo, o que está havendo é uma mera transferência do problema para outras áreas menos nobres e favorecidas da cidade, tendo em vista os eventos de grande parte que iremos sediar.
O fato é que, apesar da limpeza, não há uma visão sistêmica do problema e o refluxo, mais dia menos dia, será inevitável nesta cidade que, como você bem disse, continua partida.
Aguardemos pois pela continuidade da Pax Carioca, e também pela saúde, o bem pensar e o feijão com arroz tão necessário para a sua manutenção.
E, finalmente, concluimos com Obama, por ocasião do seu discurso ao receber o Nobel da Paz:
(...)"É sem dúvida verdade que o desenvolvimento raramente se enraíza sem segurança; também é verdade que a segurança não existe onde seres humanos não têm acesso a comida suficiente, água potável, ou aos medicamentos que precisam para sobreviver. Ela não existe onde crianças não podem sonhar com uma educação decente ou um trabalho que dê sustento a sua família. A falta de esperança pode deteriorar uma sociedade de dentro" (...)
clap clap clap
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