Este fim de semana me tocou participar de um almoço delicioso na companhia de amigos de família de priscas eras, e desfrutar da companhia de camaradas gourmands e gourmets que conheci por lá. Os vinhos estavam deliciosos, as carnes no ponto e a sobremesa curiosa. Nunca havia comido cajá, uma frutinha simpática, rústica, com a cara do Nordeste e que se defende até o final, já que tem que ser roída devagarzinho (para que as suas fibras pontiagudas não nos machuquem o papo).
Por falar em papo, acabei falando um pouco das minhas experiências pela Espanha (dêem um tempo, já fazia muito que eu sequer as mencionava em público) e concluindo, invariavelmente, como é bom viajar, comer e beber bem, de preferência em boa companhia.
Pois é, neste Domingo todos estes elementos estavam presentes e, ao voltar para casa, eu não tive outro jeito a não ser recordar o pouco que vivi e o muito que bebi pela bela Espanha, e de como aproveitei cada oportunidade ao redor de uma mesa, fosse ela qual fosse.
Mesmo sozinho nos momentos profissionais menos glamorosos da minha experiência Ibérica (e no começo houve muitos), sempre procurei me abrigar do frio, das dificuldades e da saudade de casa em restaurantes caseiros freqüentados por operários e gente comum. Afinal, quer melhor indicativo do que este?
Gente ruidosa e divertida que emoldurava as minhas tardes em torno de um bom prato de comida e de um copo de vinho e renovava as minhas energias.
Mas digressiono, digressiono, o que eu queria mesmo falar é que, com tudo isso, me lembrei do Embruix, um vinho da região do Priorat (a melhor da Catalunha e uma das melhores de Espanha), que eu tive a oportunidade de tomar já na minha fase “burguesa” e que me causou a melhor das impressões.
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Esqueçam Rioja, chega de Rioja, a Espanha está repleta de regiões esplêndidas, prontas para serem conhecidas e aptas para todos os gostos e bolsos. A denominação Priorat em especial (junto com a denominação Monsant), possui uma variedade de vinhos absolutamente sensacionais e, para mim, superiores aos da, mais conhecida e promovida, região Riojana. Assim que, sem mais delongas, vamos a ele.
Bodega: Celler Vall Llach
País: Espanha
Região: Cataluña (Priorat)
Ano: 2005
Tipo: Tinto
Variedades: 38% Garnacha, 26% Cariñena, 15% Cabernet S., 15% Syrah e 6% Merlot
Álcool: 15.50º
Preço: Entre 15-20 Euros (lá, evidentemente)
Nota de Prova: Notas de fruta vermelha (guinda picota) profundas. Aroma de boa intensidade, com madeira tostada em primeiro plano, sobre um fundo de fruta negra madura. Na boca é de corpo médio, com boa acidez, fresco, mas com fruta suficiente e um final tânico.
Opinião Pessoal: Um vinho frutado e complexo, cheio de nuances, para compartir sem pressa.
Para acompanhar: amores, amigos e carnes de todo tipo, especialmente de caça.
Vale a pena procurá-lo por aqui. Divirtam-se e boa cata.