sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Xilogravuras

Heeps Willard foi um artista pouco conhecido, e eu seguramente nunca teria ouvido falar dele se não topasse com um pequeno álbum que iria mudar a minha vida, ainda quando era adolescente, “Brewing Up With Billy Bragg”. Na capa, uma xilogravura de uma pessoa observando uma cidade industrial da janela, entre telhados superpostos e chaminés, imediatamente me chamou a atenção. Dentro apenas uma voz e uma guitarra, 3 acordes e muito engenho na construção de imagens que misturavam amor e crítica política de forma magistral. Mas não, eu não vou falar do nosso bardo hoje (respirem aliviados), voltemos ao Willard...

A figura era dramática e era linda, melancolia urbana em estado puro e ia de encontro à visão idílica que eu já nutria por essa pequena ilha enfumaçada, já me via não correndo pela campina verde, mas sim trabalhando como operário de fábrica (que alegria!), tomando meu pint ao final do dia com os camaradas e fazendo piquete contra o regime Thatcherista, contra o National Front e sabe-se lá mais Deus contra o que, tipo be a worker just for the sake of it. Ah, que bela época a adolescência, e pensar que alguns acham que ficamos menos estranhos quando os anos passam....

Pois bem, o fato é que estética da capa casava à perfeição com o conteúdo do disco e não perdeu força com o passar do tempo, muito ao contrário. Tanto é assim que aproximadamente 15 anos depois eu a tatuei no braço como tributo estético-musical para a posteridade, até que venham os vermezinhos a banquetear-se às minhas custas.

Pelo que consta, ele também trabalhou fazendo capas para alguns outros artistas da cena pós-punk inglesa, os misteriosos Blanket of Secrecy por exemplo, até que se matou prematuramente.

Confesso que continuo sabendo muito pouco sobre ele e acreditem pesquisei bastante. Quando me encontrei pessoalmente com o Billy naquela tarde memorável, ano passado no Primavera Sound em Barcelona, ele não só se surpreendeu muito ao ver a tatuagem como me confirmou que a idéia era fazer alguma coisa próxima ao trabalho do grande artista gráfico belga Frans Masereel e é fácil entender porque.

Masereel (1889-1972), que era anarquista, colaborou com inúmeras publicações pacifistas e de esquerda ao longo da sua vida e suas xilogravuras, além da urgência do impacto visual, tinham claro sentido social. Temas como o horror da guerra, o caos urbano pós-industrial, a exploração de trabalhadores por chefes indiferentes, melancolia, opressão e desequilíbrio social são recorrentes e compõe uma ode à dignidade humana. Na verdade, basta olhar para a magnífica série “The City” para ver de onde veio a inspiração da xilogravura que mereceu hoje estar sob a pele deste que vos fala.

Eu continuo adorando xilogravuras, achando o trabalho dos dois fantástico e ostentarei a minha tattoo com todo orgulho enquanto o tônus muscular permitir ou a sociedade exigir (ai meu Deus!). Para maiores informações visitem

http://www.iisg.nl/exhibitions/art/indexmasereel.html / http://www.billybragg.co.uk/

ou falem com a minha analista.

Where is my booze? Cheers.






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segunda-feira, 27 de outubro de 2008

In Vino Veritas


Já faz 2 meses desde que cheguei de Barcelona e tive que interromper, muito a contra gosto diga-se, o hábito de tomar a minha copa quase diária de vinho (ou seria garrafa?).

Uma das melhores coisas dessa temporada Européia foi poder encurtar distâncias, poder tratar o vinho de igual para igual, afinando o paladar e o nariz e falar disso com familiaridade, como coisa normal e corriqueira que ele é em qualquer país produtor que se preze.

Verdade seja dita, o mérito disso muito se deve àquele lugar úmido e algo escuro, “La Garnacha Peluda” (não, não é isso que vocês estão pensando) e ao meu professor, sommelier e amigo do peito Cristian, que com sua boa prosa e entusiasmo pelo mundo dos vinhos sempre foi a companhia perfeita para minhas classes pós dia duro de trabalho. Salud compadre!

Esclarecendo, La Garnacha Peluda, além de ser uma variedade vinífera autóctona da Catalunha e que leva esse nome pelo fato dos frutos terem uma película aveludada, deu nome também ao bar de vinhos de propriedade do Cristian, refúgio certo de todas as horas livres bem ao lado de casa.

Bem, um dos primeiros vinhos que provei no La Garnacha, escutando Vinicius de Moraes para não perder a pose, foi o Mano a Mano, um vinho de Castilla La Mancha (maior região vinícola do mundo e que ultimamente melhorou muito a qualidade dos seus vinhos), de rótulo moderno e que me chamou a atenção logo de cara. Mas surpresa maior eu tive mesmo ao tomar o primeiro gole, que vinho maravilhoso! Untuoso em boca, melífluo, super aromático e de fácil gostar (o que é isso rapaz? Se endireite!).

Desde então virou figurinha fácil em casa com outros que pretendo dividir com vocês brevemente. Ao menos na Espanha para mim sempre foi um dos vinhos com melhor relação qualidade/preço, aqui no Brasil não sei quanto pode custar mas recomendo muito, se vocês encontrarem um Mano a Mano por aí, a noite está garantida.

Salut tot home!!

Adega: Mano a mano
País: Espanha

Região: Castilla La Mancha
Ano: 2004
Tipo: Tinto
Castas: Tempranillo (100%)

Álcool: 13.50º

Preço: Aproximadamente 7€

Nota de Cata: Cor cereja escuro, aroma bastante intenso a frutos vermelhos e negros maduros, madeira torrada, notas defumadas, vegetais, flores e alcaçuz.Na boca é extremamente agradável e saboroso, equilibrado, taninos doces, final largo e persistente.

Acompanha: Queijos suaves como um bom Manchego semi-curado, um rulo de cabra ou um Fol épi (uma loucura!), complemente com um jamón serrano ou fuet de qualidade. Para arrematar? Convide quem merecer a sua atenção.

domingo, 26 de outubro de 2008

A Mancunian Tale


As the years passed, the relationship between Jim and Hannah grew deeply, Jim was now a ten year old boy, less frightened than he was at his first day at school six years before and moreover, with Hannah by his side he felt like he could simply do anything. Soon he would realise that she was supposed to be the love of a lifetime.

Jim, despite of being a normal child, had isolated himself over the years from his early friends and the only one he could not stay without, even a single day, was called Hannah Winter. They used to take long walks every afternoon around Manchester, specially in Whalley Range, a small gray bohemian area full of bedsits that strangely attracted the young twosome. Of course, there was also the moors, with its solitude and beauty. They could spend hours and hours there without saying anything, in complete harmony with the local atmosphere, just happy for being in such a peaceful place together. Unfortunately, that place was chosen to be the stage of a tragedy which would soon affect their lives.

It was mid spring and that morning the sky seemed particularly sad and gloomy as if announcing what had happened, that day Jim awoke a bit earlier than he used to and when he went downstairs it was apparent that something bad had occurred. - Her face was as pail as the shadow of a white rose reflected in a silver mirror and her eyes were cherry red, showing that she did cry - he heard them saying.

At first neither his father nor his mother knew how to tell him but both of them shared the feeling it would be very painful and harmful to tell what had happened.

As the silence continued, Jim insisted to know what was wrong and why they were acting in such odd manners, Mr. Dave then, took him for a walk and tried to find words to explain to his son that Hannah had died. Jim was astonished, it was impossible for him to deal with the idea of loosing his best friend, his beloved Hannah couldn't had passed away, it was only when his father showed him the morning papers that he lost hope and began to cry desperately.

By eight o'clock in the morning, the whole Manchester knew about the child which had been misteriously murdered in the moors, apparentely, the police hadn't had any clues but the fact that the girl named Hannah Winter was found dead, as if strangled by someone, in the north part of the moor area. There were no witnesses at all, although some people said to have noted a suspicious white van parked outside Hannah's school the day before. While investigations proceeded, an entire city collapsed down.
Most of the mancunians went to Hannah's funeral, deeply touched by the bizarre catastrophy, most of them but Jim. After her death it seemed that the little boy had lost the pleasure of living, he stopped eating and even talking, but if anyone walks around the moors he still can be seen there, staring at the sky as if looking, as if calling for the only one he had ever loved.

Based upon "Suffer Little Children" by Morrissey/Marr, both written over 20 years ago.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Brasil Noar

Muy buenas,

Para os amantes da cultura brasileira radicados em Barcelona a boa notícia é que a partir de 1º de Novembro, começa o meu, o seu, o nosso festival, a 8a. edição do Brasil Noar.
Para quem não sabe, o Brasil Noar é o grande momento do ano em terras catalanas de divulgação da cultura verde-amarela. Normalmente é bem interessante, especialmente a mostra de cinema e as bandas costumavam me empolgar bastante (vi um antológico show do Mombojó no La Paloma há dois anos atrás digno de nota).

O escrete desse ano promete, Mundo Livre S/A (êba!), Cila do Côco, Ticuqueiros, Radiola, a entidade sônica urbana (?) Mamelo Sound System e até uma bahiana cibernética de estética híbrida (?? - ai meu Deus!) - Mariella Santiago, são o ponto alto da programação musical. Os Pernambucanos, cada vez mais onipresentes e onipotentes certamente não vão fazer feio.

Além do mais é o momento ideal para se conhecer o que existe de mais contemporâneo no Brasil no cenário artístico-cultural. Tem de tudo um pouco e o pouco que tem é bom: música, cinema, fotografia, artes plásticas, conferências...e claro, como não, gente bonita.

Quem puder ir certamente vai se divertir. Eu? eu não vou não que daqui ninguém me tira.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

No escuro do quarto

Toca! Toca porra, toca! - gritava a voz dentro da sua cabeça na penumbra do quarto mal iluminado, os olhos vidrados no velho telefone vermelho que jazia impassível em cima do criado-mudo.

Sentado em um modesto colchão sobre o chão, ele esperava o soar daquele aparelho que por fim o livraria de vez daquele tormento.

Não é justo, não é justo! - pensava, cada vez que o ponteiro do relógio deslizava rumo a mais uma volta completa.

Porque não liga? Já são mais de nove horas...merda! Não vai ligar, eu sabia, não vai ligar!

A esperança se esvaía ali, entre o tic e o tac, naquele espaço de tempo minúsculo, onde medos e pensamentos sem nexo habitam; acabava entre um trago e outro de cigarro fumado às pressas, sem vontade, impregnando seus dedos longos e trêmulos de nicotina, no soco seco dado contra a parede na impossibilidade de controlar o imponderável.

Tentou dormir, sair, esquecer...em vão, enquanto a memória dos longos beijos trocados, das carícias, do seu sorriso e das suas muitas caras e bocas seguia tatuada na sua retina, num redemoinho de imagens que lhe tragava a alma, escurecia-lhe a visão, roubava-lhe o ar.

Já passava de meia-noite quando um ruído surdo ressoou pela área de serviço, depois nada mais se ouviu.

O encontraram quatro dias depois quando a peste já rolava solta pela escadaria do prédio, a família estranhou o permanente sinal de ocupado ao tentar ligar tantas vezes durante o fim de semana.

O corpo pendia da viga de madeira central como um móbile tétrico, que dominava a cena de um quarto praticamente vazio. Como únicas testemunhas nada mais um colchão, um relógio, um cinzeiro e um telefone, desconectado e mudo como o criado sobre o qual repousava.

This is the MODern world


É com pesar que recebi a notícia de que o "modfather" Paul Weller não virá ao Tim Festival, devido a problemas relacionados com o visto de trabalho provisório do seu tecladista, que é anglo-brasileiro, e não pôde ter o visto concedido sem abdicar da cidadania brasileira. A legislação brasileira não permite a concessão do dito visto para brasileiros que vivem no exterior (sic).

Uma pena, já me via indo ao MAM de lambretta, parka, calça palito e sapato bicolor e pogando ao som de Pretty Green, espera aí, mas eu nem tenho lambretta...anyway...talvez seja melhor não pagar tal mico a estas alturas. Hay que envejecer sin perder la dignidad jamás!

Gosto muito do Arnaldo, sobretudo com o Scandurra, tenho curiosidade pelo Camelo e não estou nem aí para Roberta Sá, mas não irei, ficarei em casa, possivelmente tomando um Gim Tônica e vendo um DVD do Jam, que empurra empurra só se realmente valer muito a pena...valia. Fica para a próxima.

Salve Paul!

domingo, 19 de outubro de 2008

Imagens urbanas - 175

Depois de uma semana de trabalho duro e preso a um corpo ansioso por natureza, a única coisa que a gente quer ao pegar um ônibus (yes, I´m a working class bloke) é chegar logo em casa e relaxar. Eu normalmente fico alienado, ouvindo meu MP3 e observando o movimento, mas na última sexta eu tinha esquecido ele em casa e diante da demora do 127, acabei pegando mesmo o 175.

Me sentei na primeira cadeira, logo atrás do motorista, um desses lugares que parece estar permanentemente vazio devido à configuração bizarra (nesse caso estreita) dos veículos que compõem o nosso "moderno" sistema de transporte urbano.

Ali estava eu, sem MP3, algo entediado, e eis que escuto o seguinte diálogo atrás de mim:

- Oi, sou eu!
- Estou com saudades de você, o que você vai fazer hoje à noite? Queria te ver.
- Tô carente, tô precisando de colo, deixa eu te ver, deixa?

Meu Deus do céu! O que que é isso? Pensei. Quem será essa pessoa que de forma nada tímida, em alto e bom som, confessa suas necessidades emocionais mais básicas, de forma tão contundente, num ônibus lotado?

A voz era de mulher, era direta mas era doce, calculei uns 20 e poucos anos, tentei imaginar um rosto para ela mas não consegui, fui interrompido pelo diálogo que continuava.

- Por que não?
- Mas eu preciso te ver...por favor...

Ah malvado (ou malvada - sinal dos tempos)! Pensei mais uma vez, que tipo de coração terá uma pessoa assim para refutar tal convite? Como é possível que uma pessoa receba uma ligação nesses termos e tenha coragem de dizer não? Com que direito!?

E aí caro leitor um momento de reflexão, apenas pense, rapidamente, na quantidade de ligações desse estilo que você recebeu ao longo dos últimos anos. Eu não sei vocês mas as minhas dão para contar nos dedos de uma mão pequena, enfim, quero dizer, situações assim merecem ou deveriam ser valorizadas.

- Olha, eu não vou demorar muito, eu só queria te ver por um minuto...
- Poder te tocar...

A voz suplicava, parecia embargar, diminuia, quase um fio de voz.

O homem de azul tem andado meio sensível ultimamente (esse caráter latino é uma merda) e eu estava entre começar a chorar e virar para trás e oferecer colo e tudo mais o que ela necessitasse: cafuné, chá com torradas e talvez até suór e copinhos de água mineral; mas eis que fez-se silêncio.

Aguardei, 10, 20, 30 segundos, nada! O ônibus ia chegando ao fim do Aterro do Flamengo e percebi que ela se levantava, hesitei em virar a cabeça e descobrir esse personagem que durante aproximadamente 10 minutos havia tomado a minha atenção de forma inesperada, mas não, a imagem na minha cabeça era muito mais sedutora e eu resisti ir ao encontro da realidade. Quem sabe fosse uma anciã com voz de ninfeta, quem sabe fosse desprovida de beleza, quem sabe fosse apenas uma mulher comum? Não importa, o que importa mesmo é que me cativou durante breves 10 minutos e, além do mais, mulher é sempre bom...até sem face.

Homem Azul

Os homens azuis estão invadindo a Terra, e servindo de inspiração para muitos (ou isso é o que parece). O camarada BR teve a gentileza de mandar por e-mail a mais bela letra até hoje já escrita. Eu adorei, como não gostar? É a minha cara.

BR, diga à Flávia que o Homem de Azul mandou um beijo. ;)

Homem Azul [Flávia Muniz]

tem que entender que o muro é alto
deve saber que a casa é grande
tem que arrumar os móveis da sala
pra poder o homem azul entrar
pra poder o homem azul entrar

pra receber
tem que cantar
uma canção que pinta o céu lilás
uma canção que pinta o céu lilás
---

Compre o disco, leia o livro e tudo mais - http://www.myspace.com/flaviamuniz

sábado, 18 de outubro de 2008

Bloke on Bloke (revisited)

Para aqueles que não tiveram a oportunidade de conhecer essa fascinante saga, publicada tempos atrás nos circulos Orkutianos, que causou furor entre alguns e desgosto em outros.

Em tempo: Todo muso também tem em quem se inspirar, Oh Lord Achilles, so much to answer for! ;)

THE STORYTELLER:

Chapter one: Bloke on Bloke

The clone war has just begun, after a brief period of silence the mothership of blokedom has been contacted by its rivals from the land down below, which over the years of absence of the very loyal and true king Blue Bloke the first, had tried to spread confusion amidst its peers and even before the very last virgin on Earth promised to the king. The rivals use malicious tricks and even adopt the King's mannerisms and dazzling style, one should say, unsuccessfully. The voice however could never match the King's one, resembling more the typical voice of the noisy Hofty people from the tam tam world. News of this historical encouter to follow...


Chapter two: It`s a man's world

- Revenge!!: - Cried Lord Michael, a devoted knight to the king’s cause, as the mothership collapsed in fury barely awaiting momentum to smash the bloody clones.
- Nay Michael said Blue Bloke "the merciful", let no innocent blood be shed!
- But sire...
- These words like daggers enter in my ears. No more, sweet Michael.

Blue Bloke stands up: - Milords, the years of oblivion and shame shall come to an end to-night and I no fear should carry in my heart for God’s arm strike with me! God be wi’ you, princes all; I’ll to my charge: If we no more meet till we meet in heaven, and we shall meet milords for there is justice high above, if destiny should claim one’s life, let not be mine! Fare thee well friends!: -Said Blue Bloke “the brave”.

The Curtain falls

Entreactum


Chapter three: The field of battle

Scenery: Dark street outside the walls, somewhere in the old arab quarter

There was nor breeze neither sound in the air that night, while the exiled King defiantly walked alone to match its rivals. Although his heart was serene, he was determined to eradicate any sign of the clone era from the surface of the earth and to reaffirm his power. There’s more to be a King then what was written in books you know…but not much more.

There was no time for reactions as the clone and its bunch of hoodlums were caught by surprise as the King fast approached the group.

- O diable! O seigneur! le jour est perdu! tout est perdu!: Cried one of the hoodlums, who actually behaved more in the fashion of a bunch of sissies, rather struck by the old King’s charm.

As their eyes encountered, the two blokes measured each other contemplating the extension of their powers trying to anticipate what the next move would be.

- Tell me, young boy, do you know what I am and what involves trying to be me? Can you see your face portrayed in this old face of mine? Answer me! : - said the King.

The clone collapses down: - No sire, for the eye sees not itself in the dark, I thought if only I could evoke your glory.

- And it is very much lamented, kiddo, that you have no access to such mirror as it would turn your hidden kindness into your eye.

- Piety milord! : - said the clone. - I am the heir of nothing in particular, I want to be human and to be loved just like everybody else does!

- O perdurable shame! Let’s stab ourselves or become nuns!: said the two hoodlums in a disgusting affected way.

- A good soul cannot be the shadow of a villain my boy: - said the king. - I was wrong about you…you have no idea what it means to be me!


Chapter four: I won't share you

As our story continues, the King Blue Bloke “the vain” realises the clone war did not represent any danger to blokedom or to his reputation and even that the very master clone himself had nothing but admiration to the extent of his carreer, or in other words for a formidable life full of many interesting vices and very few virtues that had made our King memorable in the private circles. The last dialogue of our saga is said to have happened like this:

Master clone - Oh sire, will nature make a man of me yet? Will you provide me all the knowledge I need?
King - Fifteen minutes with you my child, well, I wouldn't say no
Master clone – Please, please, please let me get what I want
King – I can resist anything but temptation
Master clone – See, the sea wants to take me, The knife wants to slit me, do you think you can help me ?
King – I crack the whip and you skip but you deserve it
Master clone – Sing me to sleep, I don't want to wake up on my own anymore
King - I think I can help you get through your exams
Master clone – Your youth may be gone but you're still a young man
King – Shyness is nice, and shyness can stop you from doing all the things in life you’d like to. So If there's something you'd like to try, ask me – I won’t say no – how could I?
Master clone - But to you I was faceless, I was fawning, I was boring, just a child from those ugly new houses, who could never begin to know, who could never really know...
King – Sweetness, I was only joking when I said by rights you should be bludgeoned in your bed
Master clone – Oh, heaven knows I am miserable now
King - You must learn one more thing child, there is only one thing in life worse than being talked about, and that is not being talked about
Master clone – Is the queen dead milord?
King – Loud loutish lover treat her kindly, although she needs you more than she loves you
Master clone - Oh, people said that you were virtually dead, and they were so wrong...
King - So let's go where we're wanted and I meet you at the cemetry gates, Keats and Yeats are on your side but you lose 'cause weird lover Wilde is on mine
Master clone - Sure !

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Brasilianas

Nada como o exílio para dar um sopro de brasilidade musical ao Homem de Azul. Nenhuma grande surpresa nesta seleção, mas esses discos reforçaram e reafirmaram os meus laços com o Brasil durante os últimos 4 anos. Os Pernambucanos levaram essa fácil, mas os outros Estados comparecem com representantes fundamentais.

Quer saber a minha receita espiritual da sobrevivência em terras estranhas? Anote aí mais uma listinha para cantar, dançar, sorrir e chorar:

Lado A:
1- Memórias Cantando (Paulinho da Viola)
2- Qualquer Coisa (Caetano Veloso)
3- Stone Flower (Tom Jobim)
4- Refavela (Gilberto Gil)
5- Construção (Chico Buarque)
6- Caixa da Gal (Gal Costa)
7- Tira Poeira (Tira Poeira)
8- Clube da Esquina I e II (Milton Nascimento)
9- La Nueva Onda del Brasil (Luis Eça y La Sagrada Família)
10 - Casa da Villa (Guinga)

Lado B:
1- Nação Zumbi (Nação Zumbi)
2- Por Pouco (Mundo Livre S/A)
3- Metropolitano (Banda Eddie)
4- Acústico MTV (Lobão)
5- Nada de Novo (Mombojó)
6- Ventura (Los Hermanos)
7- Na Tradição (Maurício Pereira)
8- Azul Invisível, Vermelho Cruel (Lula Queiroga)
9- Toda Cura Para Todo Mal (Pato Fú)
10 - Samba Pra Burro (Otto)

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Chegando

Bom, considerando que o texto original foi-se, devido à minha falta de paciência e de intimidade com o mundo dos blogs, cabe fazer uma nova introdução.

O Homem de Azul está no ar e, sobretudo, está em casa. Pôxa, quanta coisa já aconteceu em tão pouco tempo de volta ao Rio de Janeiro! Trabalho novo, vida nova, alma nova e em breve casa nova. Esse tempo todo fora do ar (com trocadilho) me deu uma saudade danada, dessas que se explica e se curte numa fossa daquelas, isso sim, que não nos falte um bom amigo, um bom vinho e um bom jamón para acompanhar. Na ordem do dia estão voltar a me cuidar mais, voltar a malhar, voltar a correr, tentar beber menos, realizar a maioria dos meus projetos e sobretudo ser feliz, o que nesta cidade aumenta a possibilidade. Pareço muito ambicioso? Quem viver verá. Barcelona que me desculpe, mas como o Rio não há nada igual! É bom estar vivo e que seja aqui!

O Homem de Azul é um blog sem quaisquer pretensões, apenas um veículo para que este “bon vivant”, homem de poucas virtudes e de alguns vícios notáveis, possa exercitar o saudável hábito da escrita e dividir coisas supostamente interessantes, impressões e tudo o mais que sair dessa cabeça azul. Bienvenidos y Stay tuned!

Pense numa coisa bem boa (para Migulino)

- Jamonero! - Gritou Raimundo, limpando um resto de barro da unha encravada enquanto engrunhava um pedaço de rapadura na boca sem dentes.

- Jamonero, me responda por obséquio mininiu, é seu tio Raimundo quem lhe fala – insistiu o velho.

- O que foi meu tio? - Respondeu o sobrinho aparecendo na porta do pau-a-pique arrastando as pernas, com os cabelos em pé parecendo uma cacatua e a cara amassada, o que revelava a noite bem dormida depois de tantas horas de vôo vindo da Europa.

- Jamonero, É verdadi o que Zefa está dizendo por aí?

- Não sei não meu tio, o que é que foi hein?

- Olhe seu cabra não besteie comigo não visse, que eu lhe ponho fino, me diga, me diga que num é verdadi?!

- Meu tio, mas eu não sei, eu não sei o que ela anda dizendo – Respondeu Jamonero ainda tonto de sono, capengando e quase enfiando a cabeça num pé de mandacaru robusto, desses que crescem sem timidez no agreste Pernambucano, onde, aliás, tudo e todos em princípio são machos.

- Que você, seu cabrunguento, está de namorico sério cuma galega lá nas Europa e tá falando em casar, é!

- Osshh meu tio, é isso é?

- Jamonero!! - Gritou Raimundo fulo de raiva: – Não me responda uma pergunta com outra pergunta seu amarelo liso!

Jamonero nessas alturas já sabia que não havia volta atrás, quando o velho se enfezava o melhor mesmo era respirar fundo e ser franco para não piorar a situação. De qualquer forma não havia surpresas, Jamonero conhecia bem o caráter forte e protetor de seu tio e sabia que este por mais rabugento que fosse só queria o seu bem.

- Mas meu tio, isso num é motivo pro senhor ficar assim, além do que, todo homem de bem tem que aquietar o facho um dia, constituir uma família e...

Mal terminou de tentar se explicar Jamonero sentiu o cabo do chicote do tio apertando sua goela.

- Seu abilolado, cabra desprecatado e inclaridado, eu não sei meu Deus, ai eu não sei a quem foi que tu puxasse, visse? Seu filho de rapariga! - Disse Raimundo, torcendo o cabo de marmelo no gogó do sobrinho que a essa altura quase já não tocava o chão.

- Mas, mas, mas meu tio – Gaguejou Jamonero quase engasgando e com os olhos cheios d’água: - Eu estou enrabichado por essa galega, ela é assim ó uma galega formosa, da pele peluciosa e tem dois olhos da cor do céu meu tio, que luze mais do que vaga lume no escuro.

- Arre égua de moleque destrambelhado, eu sabia que essa estória de te mandar estudar lá nas Europa ia te deixar de miolo mole, mas sua mãe sempre com essa mania de grandeza, que meu filho vai ser Senador, Doutor e não sei que trelelê mais...pelo menos num voltasse xibungo... Jamonero, oriente-se eu lhe peço, recomponha-se meu filho por tudo que é mais sagrado!

- Osshh meu tio, não entendo pra que toda essa queleléia, o senhor não quer a minha felicidade não é?

- Diabo de mininiu danadiu, bute sentido no que eu lhe estou dizendo bute, pelo amor de Deus Jamonero isso vai ser a sua desgraça meu filho, um caminho danisco que não tem mais volta, não se precipite eu lhe digo! Não se precipite!!

- Mas meu tio, essa galega é a mulher de minha vida, eu, eu estou apaixonado.

- Afff, danou-se meu Padinho Pai de Cisso, está desleriando - disse Raimundo, dando uma talagada generosa de cachaça, dessas que metem medo.

- Titio, eu não estava esperando, eu na verdade estava centrado em meus estudos e aí numa viagem de fim de semana eu a conheci passeando no parque com a sua mãe, Dona Sogroslavka.

- Mãe de quem? Mininiu, isso se bebe é? Pelamordedeus Jamonero, essa mulher não pode ser cristã com um nome desses, isso deve ter pacto com o tinhoso, sua mãe já sabe disso, sabe?

- É que ela é da Europa Oriental, os nomes por lá são diferentes... mas eles me tratam muito bem, a avó sempre me dá...humm...de beber...é...lá se bebe mais do que se come...

- Não tente me agradar seu desmiolado, mire-se eu lhe digo, mire-se no exemplo de seu tio, que já viu enterrar mais de cinco de minhas pretendentes embaixo daquele pé de girimum viçoso sem que me relassem a camisa. Jamonero tume tenência, você não sabe que a mão pesa? Eu não quero ver meu único sobrinho, o orgulho de minha vida, descadeirado, andando torto por essa vida, que essa vida por si só já é muito dura. – Disse Raimundo tomando uma dose dupla da branquinha e fazendo careta como quem vê uma assombração.

- Mas meu tio eu ia lhe contar, na verdade o senhor vai ser meu padrinho, diga que aceita, por favor, o senhor iria me dar uma grande alegria.

- Jamonero, pela última vez eu vou lhe dizer que não tem mulher nesse mundo que me faça virar a cabeça e isso devia estar no seu sangue! Eu vou lhe levar no consultório de meu compadre Ezequiel Ora-pro-nóbis para lhe revirar pelo avesso, isso que você pensa ser amor deve ser uma cardiopatia das graves e isso na sua idade pode ser fatal!

Nessas alturas Raimundo, já mais ébrio do que o estado habitual desse modesto narrador aqui, molhava novamente a palavra partindo para a segunda garrafa da famosa aguardente Teimosinha e se esconjurava para não ser atacado por esses sentimentos tão impróprios de um cabra macho, orgulhoso dos bons costumes e zeloso dos maus hábitos.

- Olhe meu filho, que Deus lhe abençoe, Deus é testemunha de que eu fiz de tudo para lhe trazer à razão, eu só posso lhe dar a minha benção e desejar sorte e que você seja feliz.

- Osshh meu tio, que alegria, que felicidade receber a sua benção! Fique tranqüilo que isso é tudo o que eu mais quero nesse mundo, inclusive eu tenho uma boa notícia para lhe dar. Pense numa coisa bem boa, pense!

- Ai meu Deus, o que é mininiu? Me dê um novo alento, dê uma notícia dessas porretas para alegrar esse seu velho tio.

- O casamento não tem jeito não, mas não vou deixar o senhor ficar a seco não, visse? Vão estar todas lá: Dobrovina, Gabrovskaya, Morávia e Stalinovka.

- Mas meu filho, eu já lhe disse que nenhuma mulher me faz virar a cabeça nem me derruba de minha lucidez, eu não quero entrar para a família da moça, não tente me corromper com um rabo de saia de nome irrepetível e desrespeitoso, seu sem-vergonha!

- Não se preocupe meu tio, eu estava falando é das vodkas que eu vou comprar para a ocasião em sua honra, vai ser uma bebeção das grandes!

- Eita porra, lascou-se! É Jamonero, enquanto uns casam você sabe... outros bebem.

Tradutor:

Engrunhar = mascar
Bestar = brincar, ficar à toa
Cabrunguento = pessoa ruim, astuciosa
Abilolado = maluco
Desprecatado = sem cuidado
Inclaridado = ignorante, sem as luzes do saber
Peluciosa = Que tem ou se assemelha à pelúcia
Xibungo = homem moça, invertido, miserável sodomita
Trelelê = coisa
Queleléia = algazarra
Butar sentido = entender (do verbo butar, eu buto, tu butas, ele buta...)
Danisco = danoso
Desleriando = delirando, aloucando

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Run devil run

O Homem de Azul este fim de semana foi visto correndo a meia maratona do Rio vestido, veja você, de azul. Eu o observei do meio da multidão, não sem uma ponta de malícia (essa semana escutei que tenho o humor malicioso, imagine...), e pensei, meu amigo isso parece crise da meia idade...

O fato é que aparentemente o cara foi bem, considerando que até uma semana atrás fumava feito um condenado e estava longe da sua forma física não fez feio e manteve a pose até o final, quando então se arrastou até o bar mais próximo em busca de abrigo e consolo num copo de coca-cola gigante. É meu amigo, como alguém já disse uma vez lá para os lados da Catalunha: - tiempo, este implacable enemigo...mas aí eu me lembro de Carl Barat cantando “the enemy, as I know it, is right inside my head”...nunca melhor dito.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Red red wine

Um breve poema do qual eu sempre gostei e outro, produto de uma bela madrugada.

A Drinking Song

Wine comes in at the mouth
And love comes in at the eye;
That's all we shall know for truth
Before we grow old and die.
I lift the glass to my mouth,
I look at you, and I sigh.

William B. Yeats

From blue to red

If all birds were red,
The skies would seem less blue.
So freeze all hours at sunset,
And portrait this moment in a new tattoo.
Let me just stay here to gaze and wonder what would happen if…
But o darling why so brief?
 

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